terça-feira, 24 de março de 2015

Franchisado ou sócio?

O modelo de franchising por definição implica uma relação entre empresários jurídica e financeiramente independente. O franchisado obriga-se a seguir um formato de negócio devidamente testado, a usar o mesmo standard de imagem corporativa e a desenvolver de forma homogénea os serviços que presta, de acordo com os manuais operativos e de imagem corporativa. Este desenvolvimento de negócio não cria uma relação de subordinação, agência, trabalho dependente ou sociedade, uma vez que o franchisado é uma entidade independente e que actua através de uma entidade jurídica própria.

O modelo puro de franchising implica alguns riscos de negócio, tais como a possibilidade de desvinculação da rede no final do contrato ou de forma antecipada por rescisão unilateral e a falta de coesão e sentimento de partilha de rede. Por outro lado, por vezes existe o sentimento de que o franchisado a determinada altura já não precisa do franchisador pois já tem o negócio a funcionar, implicando o sentimento de que a sua contribuição a título de royalties é superior aos benefícios que recebe.

Várias marcas a nível mundial criaram modelos de integração dos franchisados na rede, por forma a ultrapassar essas dificuldades. Existem vários modelos em prática tais como: o franchisado se tornar sócio da empresa franchisadora; o franchisado integrar uma associação de franchisados; participação activa do franchisado no serviço à rede (expansão ou suporte com remuneração por esses serviços); participação em comités de trabalho; criação de modelo misto de aderentes, entre outros.

A título de exemplo de algumas marcas, exemplifico o caso do grupo Intermarché onde os franchisados são nomeados como “aderentes” da marca, participam no capital da holding do grupo e dedicam um terço do seu tempo na gestão da sua central. Outro exemplo de integração é o caso da McDonalds, onde os franchisados participam numa associação exclusiva dos empresários da rede, tendo esta associação uma participação activa nas decisões e sugestões da marca.

No caso do grupo Onebiz, várias acções de integração dos franchisados têm sido desenvolvidas, das quais destaco os comités de franchisados, constituídos por grupos de 3 a 5 membros e que ficam responsáveis por propor a implementação de determinadas estratégias ou desenvolvimentos junto do franchisador (ex.: marketing ou tecnologia) e em representação da rede. É também frequente a participação de franchisados na expansão da marca, incluindo a nível internacional e na formação/estágios de novos parceiros, prestando assim serviços ao franchisador. Recentemente está em curso um ambicioso projecto na marca Acountia, rede de escritórios de contabilidade e apoio à gestão. A Acountia tem 35 parceiros franchisados de elevada qualidade profissional e pessoal, contando com franchisados na rede à mais de 15 anos. É objectivo deste projecto fazer elevar a participação na rede dos franchisados passando a um patamar de “partners”, modelo que é prática normal nas consultoras e auditorias internacionais. Desta forma os franchisados irão constituir uma empresa entre todos (veículo de participação-SPV), passando esta sociedade veículo a participar no capital da Acountia em conjunto com o sócio fundador Onebiz,SGPS. Os franchisados ficarão assim verdadeiros sócios da marca, passando a ser designados como partners e participando activamente na gestão da marca. Para este efeito, a sociedade de franchisados irá designar 2 administradores, os quais representarão os franchisados nas decisões corporativas. É um modelo inclusivo e de participação de todos os parceiros no desenvolvimento da marca, colocando a equipa com um verdadeiro sentimento comum de integração e participação.

Independentemente do modelo escolhido pelas marcas franchisadoras, aconselho a que exista o mais possível uma integração e participação activa dos franchisados na sua marca. Esse fato favorece a coesão da rede, seu desenvolvimento e estabilidade futura.


Por Pedro Santos
Administrador
Grupo Onebiz