O modelo de franchising por definição implica
uma relação entre empresários jurídica e financeiramente independente. O
franchisado obriga-se a seguir um formato de negócio devidamente testado, a
usar o mesmo standard de imagem corporativa e a desenvolver de forma homogénea
os serviços que presta, de acordo com os manuais operativos e de imagem
corporativa. Este desenvolvimento de negócio não cria uma relação de
subordinação, agência, trabalho dependente ou sociedade, uma vez que o franchisado
é uma entidade independente e que actua através de uma entidade jurídica
própria.
O modelo puro de franchising implica alguns
riscos de negócio, tais como a possibilidade de desvinculação da rede no final
do contrato ou de forma antecipada por rescisão unilateral e a falta de coesão
e sentimento de partilha de rede. Por outro lado, por vezes existe o sentimento
de que o franchisado a determinada altura já não precisa do franchisador pois
já tem o negócio a funcionar, implicando o sentimento de que a sua contribuição
a título de royalties é superior aos benefícios que recebe.
Várias marcas a nível mundial criaram modelos
de integração dos franchisados na rede, por forma a ultrapassar essas
dificuldades. Existem vários modelos em prática tais como: o franchisado se
tornar sócio da empresa franchisadora; o franchisado integrar uma associação de
franchisados; participação activa do franchisado no serviço à rede (expansão ou
suporte com remuneração por esses serviços); participação em comités de
trabalho; criação de modelo misto de aderentes, entre outros.
A título de exemplo de algumas marcas,
exemplifico o caso do grupo Intermarché onde os franchisados são nomeados como
“aderentes” da marca, participam no capital da holding do grupo e dedicam um
terço do seu tempo na gestão da sua central. Outro exemplo de integração é o
caso da McDonalds, onde os franchisados participam numa associação exclusiva
dos empresários da rede, tendo esta associação uma participação activa nas
decisões e sugestões da marca.
No caso do grupo Onebiz, várias acções de
integração dos franchisados têm sido desenvolvidas, das quais destaco os
comités de franchisados, constituídos por grupos de 3 a 5 membros e que ficam
responsáveis por propor a implementação de determinadas estratégias ou
desenvolvimentos junto do franchisador (ex.: marketing ou tecnologia) e em
representação da rede. É também frequente a participação de franchisados na
expansão da marca, incluindo a nível internacional e na formação/estágios de
novos parceiros, prestando assim serviços ao franchisador. Recentemente está em
curso um ambicioso projecto na marca Acountia, rede de escritórios de
contabilidade e apoio à gestão. A Acountia tem 35 parceiros franchisados de
elevada qualidade profissional e pessoal, contando com franchisados na rede à
mais de 15 anos. É objectivo deste projecto fazer elevar a participação na rede
dos franchisados passando a um patamar de “partners”, modelo que é prática
normal nas consultoras e auditorias internacionais. Desta forma os franchisados irão
constituir uma empresa entre todos (veículo de participação-SPV), passando esta
sociedade veículo a participar no capital da Acountia em conjunto com o sócio
fundador Onebiz,SGPS. Os franchisados ficarão assim verdadeiros sócios da
marca, passando a ser designados como partners e participando activamente na
gestão da marca. Para este efeito, a sociedade de franchisados irá designar 2
administradores, os quais representarão os franchisados nas decisões
corporativas. É um modelo inclusivo e de participação de todos os parceiros no
desenvolvimento da marca, colocando a equipa com um verdadeiro sentimento comum
de integração e participação.
Independentemente do modelo escolhido pelas
marcas franchisadoras, aconselho a que exista o mais possível uma integração e
participação activa dos franchisados na sua marca. Esse fato favorece a coesão
da rede, seu desenvolvimento e estabilidade futura.
Por Pedro Santos
Administrador
Grupo Onebiz